Primavera(s) de Deus

  • Explicação

    Maria, figura central da próxima Jornada Mundial da Juventude, é o primeiro sinal da Primavera de Deus, no inverno da humanidade. Como no-lo recorda o lema da JMJ, partiu “apressadamente”, porque essa Primavera, anunciada pelos profetas e ansiada pelo “povo que habitava nas trevas” (Mt 4, 16; Is 9,1) não podia mais ser adiada: tinha de contagiar outros, como mais tarde fará seu Filho Jesus, pelos caminhos da Palestina.

    Passados dois milénios, o inverno persiste (conflitos, desigualdades e injustiças). Porém, tampouco essa Primavera deixou de dar sinal de si, da sua presença atuante.

    Propomo-nos descobrir e conhecer “rostos jovens” de Deus. Jovens que foram Flores e frutos de fé, testemunhando a alegria e a paz dos filhos de Deus, em situações extremas de sofrimento ou na defesa da pureza; flores e frutos de esperança perseverante no longo inverno persecutório da fé, em tantos lugares do planeta e ao longo da história; flores e frutos de caridade que perfumaram a humanidade, na entrega das suas vidas pela dos outros, mais pobres ou vulneráveis da sociedade, em defesa da verdade e da justiça.

    São raparigas e rapazes de 4 continentes, dos séculos XX e XXI. Uns, cristãos desde o berço, outros, conversões extraordinárias, onde e quando menos era espectável. Todos morreram cedo, mas marcaram o seu tempo e seus conterrâneos, porque todos frutos maduros. Assim são as Primaveras de Deus.

    Desafiamos-vos, ao longo deste ano, a conviverem com eles: tomai-os como companheiros de vida cristã, mestres com quem aprender, amigos espirituais em quem colher inspiração e a quem orar, pois a maioria é venerável ou beatificada.

PRIMAVERA 14 - Olga Bejano

A 3 de novembro de 1963, nascia OLGA BEJANO DOMÍNGUEZ.OLGA BEJANO DOMINGUEZ
A sua vida constitui uma extraordinária lição de confiança, resiliência e luta.
Com 23 anos, contraiu uma enfermidade neuromuscular que deixou paralisado a quase totalidade do seu corpo. Durante 22 anos não pôde falar, nem ver. Respirava artificialmente e alimentava-se através de uma sonda. Por si mesma, só conseguia ouvir, pensar e sentir.
No entanto, encontrou um método para comunicar com o mundo: fazendo uns rabiscos, aparentemente incompreensíveis, com os impulsos do seu joelho, e que as suas enfermeiras aprenderam a traduzir lentamente em abecedário. Graças a este original sistema, Olga publicou com grande êxito quatro livros: "Voz de Papel", "Alma de cor salmão", "Os Rabiscos de Deus” e “Asas quebradas”. Este último, precisamente, era una lúcida reflexão sobre a grandeza e os limites do ser humano e, especialmente, sobre a capacidade de superação das pessoas.
Olga começou a ser mais conhecida quando o filme “Mar Adentro”, protagonizado por Javier Bardem no papel do tetraplégico Ramón Sampedro, consagrou a eutanásia como forma de acabar com o sofrimento. Olga e Ramón mantiveram uma breve correspondência. Desafiou-o a lutar não para morrer, mas para viver e conseguir melhores condições de vida e direitos devidos a pessoas descapacitadas.
A sua força, encontrou-a na fé. Quando lhe perguntavam quem mandava mais, se ela ou a doença, respondia inequivocadamente: “Eu, claro. A alma é mais forte que o corpo!”
Na última entrevista que concedeu, Olga referia: “Para mim a enfermidade não é nenhum presente. Os seres humanos são matéria e alma. A matéria pode deteriorar-se por muitas circunstâncias e se aceitamos a situação de forma positiva, pode ser uma oportunidade para madurar e crescer como pessoa humana e espiritualmente. Deus dá-me outro tipo de presentes pondo na minha vida uma equipa médica de cuidados paliativos fabulosa, um montão de amigos que sempre estão quando os necessito, minha família, etc.”
Como mensagem a todos, deixou estas palavras: “Desejaria gritar que valorizem a sua vida, que a saibam viver de uma forma sã, que vivam em paz e que saibam ser felizes com o que são e com o que têm. Que aprendam a ser felizes e assim poderão tornar felizes os outros. Não se pode dar o que não se tem.”
Quando, um dia lhe perguntaram – Que te faz viver, Olga? –, uma resposta simples: “Deus. Tudo o que sou, recebi-o d’Ele”. Ou ainda: Olga, és feliz? Categoricamente respondia: “Claro que sou feliz!”

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PRIMAVERA 15 - Clare Crockett

Faria hoje 40 anos, CLARE CROCKETT (1982 –2016).CLARE CROCKETT Cópia
Nascida em Derry, na Irlanda do Norte, no violento contexto que separava os unionistas pró-britânicos e nacionalistas irlandeses. Apesar da família católica e de alguma prática religiosa, Clare vivia alheada das coisas de Deus. “Cabra louca” e sempre pronta para o gracejo, sonhava ser atriz de Hollywood. E tinha talento para isso. Com 15 anos, foi apresentadora de TV, num programa infantil. Posteriormente, participou num filme. Entretanto, com as amigas, inicia-se à vida noturna. Fuma e bebe, desregradamente.
Ocorre, então, um acaso que lhe muda a vida. Induzida por uma amiga, viajou para a Espanha, pensando em Ibiza, praia e festas. Afinal, era um retiro espiritual, durante a Semana Santa, no interior do país. Na sexta-feira da Paixão, ao beijar a cruz, tem uma iluminação interior. “Morri por ti. Que farás tu por Mim?” Cristo crucificado tinha dado a vida por ela, pelos seus pecados, vaidades e infidelidades… Percebeu que nada consolaria Deus, senão retribuindo-Lhe a sua existência. Regressada à Irlanda e à sua antiga vida, Clare experimenta o vazio. Nem festas, nem a realização do seu sonho em ser atriz a preenchem.
Com 18 anos, sem saber falar castelhano, volta definitivamente para Espanha, onde ingressa nas Siervas del Hogar de la Madre. Começa uma dura e intensa transformação interior. Sem perder a efusiva alegria e sua capacidade de entusiasmar a todos, abdica de ser o centro das atenções, pondo-se totalmente ao serviço de Deus e dos outros. Trabalhando especialmente a obediência e a humildade, Clare dedica-se a todas as tarefas e missões que lhe são pedidas: primeiro em Espanha, depois nos Estados Unidos e, por fim, no Equador. Aí se gasta pelos mais jovens e desfavorecidos, até ao fatídico 16 de abril de 2016. Um terramoto faz desabar a casa onde se encontrava, matando-a, juntamente com 5 jovens. Tinha 33 anos.
Dizia ela: “O que me preocupa não é morrer jovem. O que preocupa é morrer sem servir, sem me encontrar ao serviço, sem dar tudo de mim, já que foi para isso que o Senhor me chamou.”

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PRIMAVERA 16 - Walter Elias

Nesta data, no ano de 1939, morria WALTER ELIAS CHANGO RONDEAU, com 18 anos.WALTER CHANGO SIERVO URUGUAY PD Cópia
Nascido em 1921, nos arredores de Montevideu, capital do Uruguai, Walter tem uma juventude normal. Ama a natureza, onde se sente livre: aí gosta de acampar, fazer caminhadas, jogar à bola com os companheiros. Aspira à liberdade. Simultaneamente, procura o seu caminho. Sonha fundar uma família, honesta e cristã, como a dos seus pais. Mas tem tempo. Compromete-se na paróquia, primeiro como catequista, depois em associações caritativas, com especial predileção pelos pobres: “O que dás a um pobre, é a Cristo que dás!”
Aos 17 anos, acabados os estudos, encontra trabalho onde as suas qualidades se destacam: consciencioso, afável, generoso, cheio de energia, vitalidade e alegria. Jovem de iniciativas, promove festas onde não falta, no final, um tempo de oração: “Não temos direito a ser medíocres.” “Não basta que eu seja bom, é necessário que trabalhe para que sejam bons os meus companheiros. Não basta que eu seja honrado, também devo desejar a honradez dos meus companheiros. Nada de bom se faz sem sacrifício.”
A eucaristia reveste-se, para ele, de uma grande importância: “A missa do domingo deve influir, modificar, iluminar, transformar toda a nossa vida durante a semana inteira.” Intuição surpreendente para um leigo nessa época. Pela similitude de suas vidas, é agora chamado de “Carlo Acutis uruguaio”.
Pouco depois, toma conhecimento que é atingido de tuberculose intestinal. Tratamentos e operações nada resolverão. Apesar das dores e cirurgias, guarda o bom humor e encoraja os seus familiares e amigos. Mantém a serenidade: “Não estamos destinados a esta terra, mas a Deus. É para Ele que devemos ir.”
“Morro na paz.” São as suas últimas palavras, falecendo com um sorriso nos lábios.
A sua causa de beatificação foi introduzida em 2001.

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PRIMAVERA 17 - Basile Ouedraogo

A 19 de novembro de 1983, morria BASILE NASSA OUEDRAOGO.
No funeral deste jovem do alto-Volta (atual Burkina-Faso),BASILE NASSA OUEDRAOGO Cópia concelebraram 1 cardeal, 2 bispos e 35 padres.
Basile sentira-se interpelado pelo Evangelho de Jesus. Mas uma forte crise de fé fá-lo perder o gosto pela oração e cai na descrença total. Pensa deixar tudo e embarcar para Moscovo para aí frequentar um curso de propaganda marxista. Mas hesita. Pede ajuda para melhor discernir.
Meditando na Carta de S. Paulo aos Romanos desfaz as suas dúvidas. Sente-se chamado ao sacerdócio. Será testemunha da Misericórdia. Dedica-se particularmente a uma pequena comunidade que acolhe pessoas com deficiências. Alguém disse dele: “Basile escuta as nossas alegrias, as nossas dores, o nosso desejo de sermos acompanhados.” Estende também a sua generosidade à prisão, ao hospital e a uma associação de solidariedade com os mais desfavorecidos. O próprio confessou: “O Senhor faz-me compreender cada vez melhor que me chama a uma vida de pobreza e que me pede para consagrar toda a minha vida aos pobres.”
Em setembro de 1981 entra no seminário. Em outubro do ano seguinte é-lhe detetada uma grave infeção renal. O diagnóstico é impiedoso: até ao final da vida, tem de se submeter a diálise. Como o seu país não dá resposta tem de decidir entre partir para França, sem regresso, ou ficar, para morrer. Escolhe ficar. No hospital, passa seus últimos dias totalmente entregue à oração e à atenção pelos outros. “Estava preocupado com a saúde dos seus companheiros doentes e rezava por eles. Permaneceu delicado e atento a todos os que o rodeavam até ao fim.” Outro testemunho disse dele: “Basile ensinou-nos a rezar. Rezar sempre sobretudo diante da morte. Com ele, descobri também que a morte, na fé e na oração, não é um drama. Basile não temia a morte.”

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PRIMAVERA 18 - Aurora Calvo

A 22 de novembro de 1933, morria AURORA CALVO.aurora calvo bejar Cópia
Nascida em Béjar, Espanha, em 1901, Aurora fica sem pai aos 4 anos. A mãe dedica-se a educar os seus 5 filhos de forma a torna-los adultos responsáveis e cristãos. Desde a sua 1ª Comunhão, Aurora nutre um grande amor por Jesus, a quem promete ser sua. Sonha tornar-se carmelita. Mas a sua frágil saúde e seus irmãos, que vão deixando a casa, adiam o seu projeto pessoal, para não deixar sua mãe sozinha. Apesar das contrariedades, permanece fiel à sua resolução espiritual. Juntamente com a mãe, decide reunir-se ao seu irmão entretanto ordenado padre, em Placência. Aí, durante 4 anos, aplica-se no cuidado aos mais pobres e revela-se uma excecional pedagoga na catequese às crianças.
Com a decisão do irmão em tornar-se jesuíta, Aurora e a mãe regressam a Béjar. “Como fazer a vontade de Deus” torna-se o seu lema de vida. Multiplica as atividades apostólicas, implicando-se na paróquia, e na prática da caridade. Humilde, sorridente, discreta, mostra-se disponível para todos, desprendida de si mesma.
Em outubro de 1933, contrai uma broncopneumonia, falecendo um mês depois.
Sua santidade, tornada popular na Espanha e na América Latina, levou-a a ser reconhecida como Venerável.

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PRIMAVERA 19 - Luís Silva

LUÍS SILVA nascia nesta data de 23 de novembro, em 1982. LUIS SILVA CópiaNatural de Santiago do Cacém, aí cresceu até entrar no ensino superior, em Lisboa, onde concluiu a licenciatura em Economia, pela Universidade Nova.
Tendo recebido e assimilados os valores cristãos, destacou-se pela sua afabilidade, generosidade e atenção solidária aos mais desfavorecidos. Sua boa capacidade comunicadora e de empatia, serviu-lhe para transmitir e testemunhar a fé, dedicando-se a causas sociais e religiosas. Prestou especial cuidado aos idosos e aderiu ao voluntariado na “Comunidade Vida e Paz”. Foi presidente da Juventude Mariana Vicentina, da sua cidade, fazendo ainda parte dos acólitos na paróquia. No verão de 2005, participou na Jornada Mundial da Juventude de Colónia, na Alemanha.

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