PRIMAVERA 14 - Olga Bejano

A 3 de novembro de 1963, nascia OLGA BEJANO DOMÍNGUEZ.OLGA BEJANO DOMINGUEZ
A sua vida constitui uma extraordinária lição de confiança, resiliência e luta.
Com 23 anos, contraiu uma enfermidade neuromuscular que deixou paralisado a quase totalidade do seu corpo. Durante 22 anos não pôde falar, nem ver. Respirava artificialmente e alimentava-se através de uma sonda. Por si mesma, só conseguia ouvir, pensar e sentir.
No entanto, encontrou um método para comunicar com o mundo: fazendo uns rabiscos, aparentemente incompreensíveis, com os impulsos do seu joelho, e que as suas enfermeiras aprenderam a traduzir lentamente em abecedário. Graças a este original sistema, Olga publicou com grande êxito quatro livros: "Voz de Papel", "Alma de cor salmão", "Os Rabiscos de Deus” e “Asas quebradas”. Este último, precisamente, era una lúcida reflexão sobre a grandeza e os limites do ser humano e, especialmente, sobre a capacidade de superação das pessoas.
Olga começou a ser mais conhecida quando o filme “Mar Adentro”, protagonizado por Javier Bardem no papel do tetraplégico Ramón Sampedro, consagrou a eutanásia como forma de acabar com o sofrimento. Olga e Ramón mantiveram uma breve correspondência. Desafiou-o a lutar não para morrer, mas para viver e conseguir melhores condições de vida e direitos devidos a pessoas descapacitadas.
A sua força, encontrou-a na fé. Quando lhe perguntavam quem mandava mais, se ela ou a doença, respondia inequivocadamente: “Eu, claro. A alma é mais forte que o corpo!”
Na última entrevista que concedeu, Olga referia: “Para mim a enfermidade não é nenhum presente. Os seres humanos são matéria e alma. A matéria pode deteriorar-se por muitas circunstâncias e se aceitamos a situação de forma positiva, pode ser uma oportunidade para madurar e crescer como pessoa humana e espiritualmente. Deus dá-me outro tipo de presentes pondo na minha vida uma equipa médica de cuidados paliativos fabulosa, um montão de amigos que sempre estão quando os necessito, minha família, etc.”
Como mensagem a todos, deixou estas palavras: “Desejaria gritar que valorizem a sua vida, que a saibam viver de uma forma sã, que vivam em paz e que saibam ser felizes com o que são e com o que têm. Que aprendam a ser felizes e assim poderão tornar felizes os outros. Não se pode dar o que não se tem.”
Quando, um dia lhe perguntaram – Que te faz viver, Olga? –, uma resposta simples: “Deus. Tudo o que sou, recebi-o d’Ele”. Ou ainda: Olga, és feliz? Categoricamente respondia: “Claro que sou feliz!”

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