Eis-me aqui, envia-me!

Sempre achei esta frase muito ousada e provocadora. O próprio Isaías fala com o Senhor e prontifica-se a ser o seu mensageiro. Estamos habituados a sermos chamados, mas Isaías parece que toma a dianteira, não tem medo e diz ao Senhor: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8). Este grito mostra-nos Isaías como que a suplicar que o Senhor o envie, que o Senhor o escolha. Prontifica-se para o Senhor, e o Senhor atende a sua voz e envia-o. Torna-o mensageiro da Palavra. Isaías é este exemplo de uma pessoa que quer servir, que quer estar disponível para ser enviado o quanto antes.

Não é por acaso que o Papa Francisco escolheu este versículo para este Mês Missionário. Esta prontidão é notória naqueles que são enviados para missionar, para serem "missão". E para mais, neste ano tão atípico, é sempre de louvar aqueles que não têm medo de partir e de fazer missão noutros sítios. Como diz o Santo Padre na mensagem para o Dia Mundial das Missões: “Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.”

Assim, podemos dizer que esta resposta à missão se liga a um desprendimento tal, que o próprio passa do “eu” fechado para o “eu” cheio do Espírito que atua. Este Espírito que ao longo dos séculos foi atuando e continua a atuar em cada um de nós já que somos todos chamados a esta missão de evangelizadores do Reino. Esta resposta parte do interior de cada um, que se sente impelido a participar nesta missão conjunta. Mais uma vez citando o Papa, o próprio diz que: “Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6, 8). E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história.”. É agora que devemos responder a Deus. É no agora e não no passado ou futuro. Se deres o teu sim, “Serás chamado: «Reparador de brechas, restaurador de casa em ruínas.» (3 Is 58, 12).

Não podemos acabar sem falar da grande padroeira das Missões. Teresa de Lisieux, mais conhecida por Sta. Teresinha do Menino Jesus é uma das grandes figuras da Missão Evangélica. E não é porque foi uma grande missionária… aliás é bem o contrário. Na sua Autobiografia, esta Santa contemplativa diz-nos: “A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho”. Santa Teresinha, que ao início queria ser missionária, apercebeu-se que sem o amor, os membros da Igreja não conseguiam perdurar. Sem este amor à oração os grandes Profetas não o podiam ser. E então, cheia deste amor, Teresa decidiu ficar-se pelo mosteiro das carmelitas em Lisieux para dali poder espalhar o grande amor que sentia por aqueles que derramavam o seu sangue pela Mãe Igreja.

Assim, em 1927 esta jovem Teresa que morreu com 24 anos foi declarada “Patrona Universal das Missões Católicas” pelo Papa Pio XI que já a tinha beatificado em 1923 e canonizado em 1925. Teresinha ficou conhecida como a mais nova do setor dos “Doutores da Igreja”.

Procuremos também nós imitar esta jovem que se entregou à missão do amor. Que com a sua intercessão possamos ser testemunhas do Evangelho e missionários do amor como foi Santa Teresinha que deu a sua vida dentro do convento por amor à missão de toda a Igreja.

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