PRIMAVERA 39 - Jane Audrain
Em 1965, JANE AUDRAIN tem 17 anos.
Aquando de um internamento, é-lhe diagnosticado um sarcoma ósseo. Único tratamento recomendado: amputação completa de uma perna, senão Jane está condenada.
Vale a pena conhecer a caminhada espiritual empreendida por esta jovem francesa, nascida em Nantes a 10 de Janeiro de 1948. Autoritária por temperamento, revela-se cheia de carácter, esperta, cheia de uma imaginação transbordante e artista dotada para o desenho. Embora muito tímida, cultiva a amizade. Desenvolve-se com o escutismo e dedica-se a escrever um diário, que será descoberto após sua morte.
Perante a provação da doença e da dor, é a fé que a vai modelar e fazer resplandecer: “Como Deus é bom! Compreendi que, se pensasse apenas em mim, estragaria a minha vida, por isso, vou tentar virar-me mais para os outros. Quero dar-me. Ajuda-me Senhor!” (Abril de 1963)
Sobre o amor, diz: “Quero amar: tenho necessidade de amar e, no entanto, também esse amor é feito para dar felicidade, para tornar o outro feliz. Mas esse amor não se restringe ao amor conjugal. É uma paixão por tudo o que é belo… Por isso, desejo ser pura.” (Julho de 1963)
Perante o sofrimento, afirma: “Cheguei a julgar que endoidecia ou morria, nunca tinha sofrido tanto… Agora, não sei explicar, é certamente a graça de Deus que me ajuda a manter a esperança, a permanecer simples, calma, quase feliz, corajosa. O Senhor nunca nos abandona, confio-Lhe todos os sofrimentos do hospital e os do mundo inteiro.”
Vive a confiança em Deus: “A esperança começa a partir do momento em que compreendemos que foi o Senhor quem nos amou primeiro. (…) Agora compreendo que a fé pode mudar completamente uma vida.” (Julho de 1965)
“Embora seja exigente, o Senhor nunca nos pede mais do que podemos dar-Lhe. Quer simplesmente ajudar-nos a crescer… Sei que passei por momentos muito difíceis, não pretendo escondê-lo, mas foi necessário ultrapassá-los. Agora sinto as forças voltarem, progressivamente. Preciso de comunicá-las aos que me rodeiam.” (Setembro de 1965)
Por fim, descobre o sentido da felicidade: “Estou terrivelmente feliz! Porquê? Simplesmente porque a vida é simples, imensamente clara e profunda. Em parte, é o sofrimento que me torna mais apta a viver verdadeiramente, com todas as minhas forças da minha alma e do meu coração. (…) A alegria não se define por palavras… Tenho um grande desejo de criar, de dar tudo o que possuo de mais precioso no mundo: Deus e eu própria. Amar será a clara e resplandecente luz da minha vida… Obrigado, Senhor, por nos terdes criado imperfeitos, a fim que nunca tenhamos atingido a meta. Obrigado, Senhor, porque sofro, pois é isso que me torna consciente da minha felicidade! (Fevereiro de 1966)
Até ao fim, Jane desenha e escreve. Falece a 10 de junho de 1966, com 18 anos.
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