PRIMAVERA 32 - Maria da Luz Camacho
A 30 de dezembro de 1934, era abatida MARIA DA LUZ CAMACHO, na sua igreja.
Nos anos 1933-34, a perseguição contra a Igreja redobra de violência no México, depois de um breve abrandamento. A situação em certas regiões e na capital está em polvorosa. Garrido Canabal, ministro da Agricultura, rodeia-as de jovens revolucionários, chamados “Camisas vermelhas”. A maioria não tem sequer 20 anos. Incendeiam igrejas, assassinam padres, corrompem a juventude.
Na manhã do domingo 30 de dezembro, corre o boato que os Camisas vermelhas dispõem-se a pôr fogo à igreja de Coyoacan. Sabendo disso, Mara da Luz, então com 27 anos, reveste o seu mais belo vestido, de seda verde com colarinho de cetim branco. Justifica-se dizendo: “Quando se trata de defender a realeza de Cristo, convém estarmos o melhor revestido possível!”
Seguida da sua irmã, encaminha-se para a igreja. Enfrenta o líder dos revolucionários que a ameaça com a pistola, mas continua imperturbável até ao templo. É assim, a jovem Maria da Luz: determinada e destemida.
Conhecida de todos, assumiu a liderança da Ação Católica local. O papa Pio XI apresentara este movimento cristão como melhor estratégia contra os perseguidores. Inúmeros jovens mexicanos tornaram-se membros ativos. Maria da Luz foi uma delas, desde os 15 anos que é catequista na paróquia. Numa década, catequisou mais de2300 crianças. Mais tarde, a pedido do pároco, tornou-se secretária, depois tesoureira da comissão da paróquia, antes de ingressar na Ação Católica.
Voltando ao dia fatídico, chegam à igreja no momento em que o sacerdote subia ao altar. À porta, a tensão cresce. Alguém grita “Morte aos padres! Abaixo a Igreja!” Pretendem entrar no templo, mas Maria da Luz, que permanecera à entrada, está determinada em barrar-lhes o caminho. Durante alguns instantes, crê-se ser apenas uma provocação. Um dos revolucionários ordena à Maria da Luz que se afaste, sem resultado. A cada blasfémia “Maldito o Cristo-Rei! Maldita a Virgem de Guadalupe!”, a jovem responde com um sonoro “Viva Cristo-Rei! Viva a Virgem de Guadalupe!”
Alguns fiéis amedrontados fogem pela porta lateral. O celebrante consome apressadamente o Santíssimo, com receio de profanação. Por fim, novo grito: “Viva a revolução!”, enquanto ecoa um tiro que interrompe a pronta resposta “Viva Cristo…” Maria da Luz não termina a frase, caindo, morta. Perturbados e cabisbaixos, seus assassinos retiram-se, num silêncio impressionante.
O drama suscita em toda a região uma viva emoção. Seu funeral foi presidido pelo arcebispo da capital, reunindo 30 mil pessoas que a aclamam “Maria da Luz, virgem e mártir, roga por nós!”
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