Eis o Mistério da Fé
Bruno Forte, Eis o Mistério da Fé, Prior Velho: Paulinas 2012.
Aquando do quinquagésimo aniversário da abertura do Concilio Vaticano II, o Papa Bento XVI proclamou o chamado Ano da Fé, no sentido de aprofundarmos algumas dimensões fundamentais da fé cristã. Foi neste contexto que Bruno Forte propôs o livro Eis o Mistério da Fé, crer, viver, testemunhar.
Trata-se de uma obra simples, mas ao mesmo tempo muito rica de significado teológico, propondo um peregrinar pelos quatro grandes pilares da fé: «o Credo batismal; os sete sacramentos; a vida em obediência a Deus e a oração». O livro está profundamente marcado por um selo trinitário que nos faz adentrar na relação da «comunhão tão perfeita, em que Três são verdadeiramente Um no amor».
Num tempo em que por força da pandemia somos condicionados na vivência quotidiana dos sacramentos, dou destaque ao capítulo II da obra, onde o autor recorre ao profeta Amós: «Eis que vêm dias – oráculo do Senhor Deus – em que lançarei fome sobre o país. Não será fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor» (Am 8,11). Esta fome é a «necessidade de amor […] de uma palavra que vença o silêncio». Por estes dias, em que passamos mais tempo por casa, a leitura orante da Sagrada Escritura poderá ajudar a saciar um pouco da nossa ansiedade, sobretudo se entendermos a Bíblia como a «carta de Deus que fala ao nosso coração». Portanto, se assim nos quisermos aventurar, encontraremos neste livro um mapa a seguir.
Certamente, o crer necessita do «mistério vivido», que é único em cada um de nós. O diálogo entre as Bem-aventuranças e os Mandamentos é o itinerário perfeito da vida do batizado. Viver em Deus significa viver em relação, porque «Deus não é solidão». É, certamente, uma relação correspondida, como diz Kierkegaard: A flor do primeiro amor murcha, quando não supera a prova da fidelidade. Desta forma, a relação com Deus exprime-se pela inquebrantável força do amor, «quer dizer amá-lo com os lábios e o coração, com a vida, as palavras e as obras».
Viver a vida numa profunda união com Cristo significa reafirmar a doxologia da cruz. «A cruz é a história do eterno Amante, o Pai, que entrega o Filho por nós; do eterno Amado, o Filho que se entrega à morte por nosso amor; e o Espírito Santo, o amor eterno que os une e os abre ao dom que Eles nos fazem, tornando-nos participantes da sua vida divina». Seguramente, quantos passarem pelas páginas deste livro, sentirão o apelo ao encontro amoroso com o Deus uno e trino, que nos chama continuamente a experimentar o mistério do crer, viver e testemunhar.
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