Senti a mão de Deus, que me estava a guiar e a indicar o caminho
Contar a história vocacional é desvelar a vida, pois é na realidade peculiar e naquilo que cada um é que o Senhor nos elege. Eu nasci e fui criado em Tó, aldeia do concelho de Mogadouro, no seio de uma família e de um contexto muito cristão. A minha mãe e os meus avós iniciaram-me nos valores do Evangelho e desde a tenra idade que sentia uma inclinação pelas “coisas” da Igreja, nomeadamente uma grande fascinação pelo meu pároco, António Fernandes, quando celebrava Eucaristia, na qual acolitava com muito entusiasmo.
Com a adolescência, passei a ter outros interesses, mas nunca deixei de ir à Eucaristia. Frequentei o ensino básico e secundário na escola de Mogadouro e, inicialmente, tinha a aspiração de ser professor de História, mais tarde de Matemática. No final do ensino secundário, tinha decido candidatar-me ao curso de Economia.
Mas eis que, poucos meses antes de terminar o 12º ano, o meu pároco anuncia que ia acontecer a visita pastoral na paróquia. Desde logo participei na preparação que movimentou toda a paroquia.
No 25 de maio de 2014, decorre a visita pastoral, que foi um dia emocionante. As pessoas do meu povo diziam ao senhor bispo, referindo-se a mim: “este é que era bom para padre”. E diziam-lhe mais expressões deste do género. O senhor bispo conversou comigo e o que mais me impressionou, na altura, foi que mesmo com os comentários das pessoas não me perguntou se queria ir para o Seminário, mas falámos dos projetos e sonhos que eu tinha. Isto tudo fez-me pensar e inquietou-me se realmente estava a ir pelo caminho certo e se o Senhor me estava a querer dizer alguma coisa... A partir daí, mantive contacto com o senhor Dom José e falámos mais algumas vezes.
No meu interior, sentia uma grande vontade de mais, que me fazia pôr em causa todos os projetos que tinha. Estava confuso, mas ao mesmo tempo sentia uma grande consolação, senti a mão de Deus, que me estava a guiar e a indicar o caminho. Comecei, então, a questionar a possibilidade de ser sacerdote. Isto trazia-me uma grande paz e, cada vez mais, a certeza de que o Senhor me estava a chamar.
O reitor do Seminário, o padre Rufino Xavier, convidou-me a passar um mês no seminário. Foi neste tempo que percebi e consolidei a minha opção pelo sacerdócio. Entrei no Seminário Maior de São José da diocese de Bragança-Miranda e, em setembro, vim para Braga fazer os estudos teológicos no Seminário Interdiocesano de São José.
No final do segundo ano de teologia, levado por uma grande fascinação pela vida contemplativa, o silêncio e a beleza da vida monástica, fiz uma experiência de dois anos com os monges beneditinos do Mosteiro de São Bento de Singeverga. Foi uma vivência muito enriquecedora, um tempo de amadurecimento, por tudo que pude viver e apreender nesta comunidade. Após estes dois anos de discernimento, percebi que o meu caminho não passava por aquela comunidade.
Quando saí do mosteiro, o senhor Dom José acolheu-me no paço, enquanto fazia o discernimento do caminho a tomar. Resolvi retomar os estudos teológicos e voltei para o Seminário Interdiocesano, onde frequento o 4º ano. Em tudo isto e mesmo nos momentos mais difíceis e de maior escuridão, sem um rumo aparente, hoje, com uma certa distancia, percebo que Deus me guiou, guia e guiará. Peço a vossa oração, para que saiba discernir Deus na minha vida e a Sua vontade.
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