Primavera 81 - SANDRA SABATTINI
A 24 de outubro de 2021, foi beatificada SANDRA SABATTINI, jovem italiana de 22 anos.
Estudava medicina e sonhava fundar, juntamente com o seu noivo, uma comunidade ao serviço dos “últimos entre os últimos”, em África. Tornou-se assim a primeira noiva beatificada pela Igreja.
Nascida em 19 de agosto de 1961, em Rimini, cidade da costa adriática. Adolescente, inicia um diário, a partir de 1972. Três anos depois, conhece o padre Oreste Benzi, fundador da Comunidade João XXIII que se dedica ao acompanhamento e ajuda a pessoas com deficiência ou dependência. Sandra abraçou este projeto, de corpo e alma. Esta experiência marcou-a profundamente. "Demos tudo de nós, mas são pessoas que eu nunca abandonarei”, disse ela à sua mãe, com apenas 13 anos, após o seu primeiro contacto com esta realidade.
Aos 16 anos escreveu: “Senhor, tu me deste um grande presente, o de querer dar a minha vida aos mais pobres. Agradeço por isso, porque, embora eu ainda não o tenha explorado, depositaste em mim este grande presente. Espero poder fazê-lo frutificar e espero poder entender como”.
A sua decisão em cursar medicina não foi, naturalmente, inócua. Ainda hesitou em ir para a África, em missão, mas acabou por optar em matricular-se na Universidade de Bolonha, onde alcançou brilhantes resultados. Queria dedicar sua vida a servir os mais necessitados. “Se eu realmente amo, como posso suportar que um terço da humanidade morra de fome, enquanto mantenho minha segurança ou minha estabilidade financeira? Serei uma boa cristã, mas não uma santa. Hoje há uma inflação de bons cristãos enquanto o mundo precisa de santos!” Assim, se prontificou, voluntariamente, em ajudar pessoas doentes e assistir toxicodependentes.
Sua fé apurou seu sentido de caridade. “A caridade é a síntese da contemplação e da ação, é o ponto de encontro entre o céu e a terra, entre o homem e Deus”. Diariamente, rezava o terço e meditava a Palavra de Deus, alimentando assim uma profunda vida espiritual. Cada passagem de ano era celebrada diante do Santíssimo sacramento, onde permanecia da meia-noite até à 1h da manhã. Com Deus, para os outros: “Senhor, que cada ação minha seja determinada pelo fato de querer o bem dos jovens, cada minuto é uma ocasião para amar, a ser aproveitada”. São versos de uma oração que Sandra escreveu, cerca de dois anos antes da sua morte.
Com 20 anos, conhece Guido, um ano mais velho que ela. Reconhece nele os mesmos propósitos. Comprometeram seus corações mo amor e suas vidas no bem.
Em 29 de abril de 1984, ambos noivos se dirigiam para mais um encontro da Comunidade João XXIII. Ao descer do carro, Sandra foi brutalmente atropelada. Apesar de rapidamente socorrida e hospitalizada, não resistiu aos ferimentos, falecendo no hospital de Bolonha, a 2 de maio seguinte.
Na última página de seu diário, dois dias antes do acidente, Sandra escrevera: “Esta vida não é minha. Esta vida, que vai evoluindo por um sopro que não é meu, passa num caminho sereno que não é meu”.
Na cerimónia da sua beatificação, o cardeal Semeraro, definiu-a como verdadeira “artista do amor”, pois “aprendeu muito bem a linguagem do amor, com as suas cores e sua musicalidade”. A sua santidade foi “abrir-se à partilha com os últimos, o colocar ao serviço de Deus toda a sua jovem existência terrena, feita de entusiasmo, simplicidade e grande fé”.
O bispo de Rimini, dom Francesco Lambiasi, disse sobre Sandra Sabattini: “Ela é uma figura que pode ser apontada como um ícone de santidade verossímil e atraente, que está do nosso lado: não são necessárias experiências excecionais de compromisso ascético ou de contemplação mística. Tudo de que a nossa querida Sandra precisava era do tecido de uma vida comum, costurado com a fé viva, sustentada por uma oração intensa e extensa. Uma vida dedicada ao cumprimento feliz e fiel do seu dever, pontuada por pequenos gestos de amor levados ao extremo, na amizade apaixonada com o Cristo pobre e servidor, no generoso e incansável serviço em favor dos pobres. Depois de conhecer Jesus de modo pessoal, ela não podia mais deixar de amá-Lo, centrar-se n’Ele, viver para Ele, na Igreja”.asmo, simplicidade e grande fé”.
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