Primavera 76 - EGIDIO BULLESI
Quando vem ao mundo a 24 de Agosto de 1905, EGÍDIO BULLESI nasce croata.
Mas a Primeira Grande Guerra e consequentes alterações geográficas vão torná-lo italiano. É o terceiro de oito irmãos de uma família modesta que sobrevive à custa do trabalho do pai.
Com o rebentar do conflito bélico, toda a família se vê obrigada a refugiar-se primeiro na Hungria, depois na Áustria. Durante esses anos de exílio, Maria partilha com o seu irmão Egídio o seu fervor pela eucaristia e a sua devoção a Maria.
Quando, por fim, a guerra acaba Egídio regressa à terra natal, Pola, onde trabalha com o pai na indústria naval como metalúrgico. Tem apenas catorze anos. Nos intervalos desse trabalho árduo, o jovem rapaz concentra-se no estudo pois quer progredir e contribuir para o sustento da família.
Todas as provações e dificuldades pela qual passou a família afetaram Egídio. Durante um tempo, descuida a sua vivência cristã e religiosa. Mais uma vez, a influência benéfica da sua irmã Maria ser-lhe-á de grande ajuda para o reavivar na fé.
Nesse período, o comunismo começa a infiltrar-se entre os operários. Egídio, adolescente de quinze anos, percebe que existem outros métodos suscetíveis de elevar o ser humano para além das ideias marxistas. Descobre assim a sua vocação: testemunhar o poder salvífico de Cristo no meio profissional. O mundo do trabalho torna-se o seu campo de apostolado. Capaz de atrair e cativar o espírito e o coração, Egídio é respeitado. Sem vaidade, atribui a eficácia e simplicidade da sua ação a Deus: “A minha amabilidade, a caridade, a docilidade não são mais que a amabilidade, a caridade e a docilidade de Jesus Cristo. É Jesus que transparece em todas as minhas ações, em todas as manifestações do meu coração que, sem esforço, agrada a todos. É somente Ele que me torna amável, bom e dedicado.”
Dele dirão algumas testemunhas que nunca teve vergonha de fazer o sinal da cruz diante de quem quer que fosse, e que todas as manhãs, rezando pelo caminho, participava e comungava na eucaristia celebrada na catedral. Distribuía jornais, livros, revistas que pudessem ajudar os companheiros e aproveitava todas as conversas para aconselhar e encorajar outros a seguirem os caminhos de Deus.
Egídio quer ser santo. Quer imitar o exemplo da sua irmã Maria a quem se confia e pede orações.
Pensa no seminário, mas deseja fundar uma família. Após um breve namoro sério, sente que Deus espera dele outra coisa: “Que alegria deriva da pureza! Que serenidade! Que tranquilidade de espírito! Que doçura e suavidade de coração! Oh, como nos sentimos amando Deus!”
A pureza e a castidade não têm para ele nada de negativo. Não é privação, mas conquista, doação total ao Amor para atrair outros para o Amor: “Para fazer bem às pessoas, é preciso uma grande riqueza, um tesouro acumulado graças a uma vida interior emancipada na intimidade de Jesus Cristo. É necessário que estejamos repletos e transbordantes da graça de Deus, que tenhamos uma fé firme e confiante, uma caridade e um amor ardentes.”
Tudo isso exige luta e esforço. Mas Egídio é um lutador na alma. Escreve ao seu diretor espiritual: "Estou contente porque tenho a alma em paz, a consciência limpa e pura porque amo Deus.”
Tem dezanove anos quando é chamado a cumprir o serviço militar na marinha. Ao longo de dois anos, Egídio vai crescer na vivência e testemunho da sua fé. Sente uma verdadeira fome eucarística que compensa pela oração e recolhimento. Esse aprofundamento da vida interior não o impede de partilhar o quotidiano dos companheiros, no alto mar ou nas escalas, contanto que evite ocasiões de pecar. A sua pureza, num primeiro tempo alvo de troça, torna-se a admiração e respeito de todos. Gozava de uma grande consideração entre todos, oficiais ou simples marinheiros. Estimado nunca quis aproveitar-se de privilégios. Antes desejava converter todos. E assim conseguiu com muitos.
Na primavera de 1927, quando regressa ao porto de Pola, Egídio vive já em plena maturidade espiritual.
Todavia, poucas semanas depois de retomar o trabalho um médico dessela nele cansaço e febre com crises de tosse. É a tuberculose, fulminante. Tudo báscula. Mas Egídio brinca: “Então, estou plenamente disposto a viver, se o Senhor o quer, tal como estou disposto a morrer…” Permanece sereno, alegre, reconforta e encoraja os seus. Reza, por vezes em voz alta: “Nada fora de Ti, ó meu Deus! Dou-me todo a Ti… Tantas graças recebi de Ti! Como estou feliz, como estou contente neste momento, de ter tido uma vida boa e pura!”
Apaga-se serenamente no dia 25 de Abril de 1929. Não tem ainda vinte e quatro anos.
A causa de beatificação foi introduzida em 1973 e Egídio foi declarado venerável em 1997.
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