Primavera 72 - MARIA TERESA GONÇÁLEZ-QUEVEDO
A 9 de junho de 1983, MARIA TERESA GONZÁLEZ-QUEVEDO era proclamada venerável pelo papa João Paulo II.
Esta jovem madrilena viveu apenas 20 anos, falecendo em 8 de abril de 1950.
Encontrava-se no noviciado das Carmelitas da Caridade, congregação onde optou por entregar sua vida, na oração e no apostolado ativo, com o desejo claro de trabalhar em terra de missão.
Mas esta opção vocacional não era, de todo, previsível para aquela a quem chamavam “Venenito”, em criança, de tão vivaz que era e agarrada à sua vontade própria.
Primeiramente, o período em que viveu foi conturbado, coincidindo com a violenta guerra civil espanhola, marcada por uma cruenta perseguição religiosa que, além de 160 igrejas incendiadas, vitimou mais de 6 mil padres e religiosos e 12 bispos. Entre as vítimas encontram-se três tios desta jovem.
Por outro lado, sua posição social apontava para outros rumos. Teresita, como era chamada no ambiente familiar e amigável, era filha de um conhecido médico da capital espanhola. Era também extremamente bonita: loira de olhos azuis, muito elegante e de postura distinta, destacava-se por ser habilidosa e generosa. Possuía um carácter decidido e corajoso, conjugado com equilíbrio e calma, o que lhe conferia domínio nas mais diversas situações. Tinha tudo para ambicionar sucesso, fosse qual fosse o caminho escolhido.
Adolescente, Teresa integra a Congregação Mariana. Esse Instituto, inspirado e dedicado à Virgem Maria, foi difundido pelos jesuítas como via de compromisso cristão, aberta especialmente aos jovens, levando aos seus ambientes familiares, lugar de trabalho e atividades apostólicas os valores de uma espiritualidade amadurecida através dos Exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola. Teresa foi imediatamente conquistada por esse ideal. Foi aí que começou nela uma verdadeira evolução interior, surpreendente e definitiva, sem diminuir seu entusiasmo e alegria contagiante. Tal foi o vínculo de Teresa com Nossa Senhora que escolheu como programa de vida: “Minha mãe, quem me olhar, que vos veja!”
Foi também numa celebração mariana, num mês de maio, que Maria Teresa terá pedido à virgem: “Mãe, dá-me a vocação religiosa!” A uma amiga que dizia querer viver sua juventude na diversão para mais tarde entrar num convento e assim garantir o Céu, Teresita respondeu: “Jesus tem melhores gostos, e Ele quer de presente a juventude, com suas alegrias e seus sonhos!”
Em novembro de 1947, decidiu comunicar a uma tia sua decisão em consagrar-se a Deus, nas Carmelitas da Caridade. Seu intuito era, mais tarde, ser enviada para as missões. A 7 de janeiro, informou seu pai da “grande notícia”. Este, que conhecia bem a filha, sabia que se ela decidiu é porque estava ciente do que fazia. Ainda assim, questionou-a: “Teresita, és tão viva e alegre e tanto te divertes nas festas… se fores religiosa, terás uma vida cheia de sacrifícios.” Como resposta recebeu: “Sei. Mas é isso mesmo que procuro.”
A entrada ficou agendada para 23 de fevereiro. No seu coração, Teresita nutria a secreta esperança de um mimo de Deus: que nesse dia houvesse um nevão, lembrada do que acontecera na tomada de hábito de santa Teresinha, de quem era devota. E, embora nada o indicasse, na noite anterior à entrada de Maria Teresa na vida religiosa, Madrid ficou coberta de neve.
No noviciado de Carabanchel, Teresa encontrou o que mais profundamente desejava: um estilo de vida pobre das carmelitas, em contraposição com os luxos e à riqueza que sempre tivera na família.
Porém, depressa aparecem sintomas de febre. Primeiros sinais de uma pleurite aguda, pouco preocupante no início, mas que persiste e se agrava. Mesmo assim, a jovem difunde otimismo, amabilidade e alegria. Em janeiro de 1950, a dor de cabeça torna-se muito forte. Seu pai, médico, é chamado. O doutor Quevedo percebeu de imediato a gravidade da situação. O diagnóstico não deixava esperança: meningite tubercular. Apesar da notícia, Teresa ressentiu uma alegria enorme: “Como posso ter medo de morrer!? Tenho uma Mãe no Céu que virá ao meu encontro!” Interpelada sobre a certeza de merecer esse Céu, ela, convicta, respondeu: “Claro que não o ganhei! Mas vão-mo dar de presente, como ao bom ladrão.” É com essa paz e alegria que, às suas colegas desoladas, Teresita animava: “Ganhei o primeiro prémio!” A todos respondia: “Estou bem, porque estou como Deus quer!”
Maria Teresa chega à Quinta-feira Santa de 1950. Nesse dia, despede-se, dizendo: “Senhor, eis aquela que vos ama... e deseja ardentemente vos receber... Senhor, sou vossa... por Vós vim ao mundo... O que queres, ó Senhor, de mim?... Tudo posso naquele que me conforta...”
Assim falece, a muito poucos dias de completar 20 anos.
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