Primavera 62 - EDITH FERGUSSON

“Amei tanto quanto podia. Conheci muita gente que aprendi a amar, mas também tive falhas e, por isso, peço perdão.Édith Fergusson 1 Cópia Tenho, infelizmente, o mau costume de ferir os outros sem querer. Como consequência, arrependo-me sempre. Amo as pessoas e gostaria que não me esquecessem. Farei o mesmo lá de cima. Velarei por todos e amar-vos-ei sempre.”
São palavras de despedia de EDITH FERGUSSON.
Nasceu a 9 de março de 1964 no Quebec, província francófona do Canada. Vibra com tudo o que vive. Admira o desenho, a pintura, a música, as antiguidades. Gosta da natureza, dos animais, de mergulhar e fazer esqui. Gosta de rir e de fazer rir… até ao fim. Quando escreve as palavras acima tem 18 anos e sabe que vai morrer. A leucemia rouba-lhe a juventude e a vitalidade. Mas ela permanece serena. “Desprendo-me de tudo para ser livre.”

Foram três anos de doença, de luta e dor. Mas também é um percurso de esperança, de confiança, de uma coragem e serenidade extraordinárias, de abandono nas mãos de Deus, graças ao acompanhamento espiritual que recebe do padre C. Beaulieu.
A comunhão diária sustenta-a e ilumina seu sofrimento, dando um sentido ao seu sacrifício. Ela decide entrar na dinâmica amorosa de Cristo: “A minha vida, ninguém ma tira; sou Eu que a ofereço livremente.” (Jo 10,18). Edith decide oferecer sua jovem existência a Deus como testemunho do amor que ela Lhe tem. Um amor que também sente pelos outros, de modo especial pelas pessoas com deficiência de quem ela tanto gostava. Sonhara dedicar-lhes o seu futuro. A eles doa suas economias, como seus legítimos herdeiros.
Porém, esse dom de si não foi fácil. Como aceitar a morte quando se é jovem, dinâmica e totalmente integrada no seu tempo?
Foi precisamente a escola da dor que a vai conduzir, aos poucos, não à resignação, mas à paz, à serenidade. As longas secções de quimioterapia, a solidão do hospital, o afastamento progressivo dos amigos, a angústia, o medo… tudo isso será preenchido pela confiança e amizade em Deus. Durante todo esse processo não perdeu o seu sentido de humor, nem sua alegria de viver. “Desde que estou doente, apercebo-me do valor que a vida tem”.
A oração é a sua força e a sua autenticidade. “É preciso rezar sempre… Nada de meias-medidas!” Ao perder o cabelo recusa-se a usar peruca, sinal da aceitação e despojamento de si própria; quando as dores se tornam insuportáveis opta por não tomar morfina ou outros calmantes. Quer dar tudo a Deus por aqueles que ama.
Morre serenamente na noite de Sábado Santo, 10 de Abril de 1982, realizando seu desejo: “Vivi, não existi apenas.”

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