PRIMAVERA 50 - Sãozinha de Alenquer
Celebra-se hoje o centenário do nascimento de SÃOZINHA de Alenquer, como ficou conhecida.
Maria da Conceição Fróis Gil Ferrão de Pimentel Teixeira (seu nome completo) nasce a 1 de fevereiro de 1923, em Coimbra, onde seu pai termina os estudos de medicina. Segundo uma tradição antiga, os pais escolhem como madrinha de batismo a Nossa Senhora, com o título de Imaculada Conceição, da qual recebe o nome.
Já formado, o pai estabelece-se em Abrigada, uma modesta localidade próxima de Lisboa. É sua opção manter-se próximo dos seus pacientes, evitando o anonimato das cidades. Se o pai é idealista e generoso, a esposa é doce e piedosa. Inculca na filha os valores essenciais da religião. Maria da conceição cresce amada e educada.
Na escola revela inteligência e facilidade na aprendizagem. Toda a sua escolaridade será excelente. Mas isso não a torna vaidosa nem orgulhosa. Pelo contrário, dedica-se a ajudar as companheiras com maiores dificuldades. Discretamente, encoraja e estimula. Mostra-se também muito generosa com as mais pobres. Seu sonho era casar, ter filhos e dedicar-se aos mais pobres: “Se um dia eu for rica, hei-de ter uma grande casa para velhinhos e crianças”.
Da sua mãe, toma uma especial devoção a santa Teresinha, canonizada pouco antes, em 1925. Sãozinha toma-a como modelo.
De 1935 a 1937, prossegue os estudos no colégio das irmãs Doroteias. Aí aprofunda a sua formação espiritual, integrando o apostolado da Oração, depois a Congregação mariana. De uma rara piedade, comunga diariamente e investe-se na preparação para o batismo das crianças e adultos, na catequese e nas visitas aos doentes e acompanhamento aos moribundos. Tudo isso quando tem apenas 15 anos.
Desde que percebeu que o pai não praticava a religião (perdera a fé durante os estudos em Coimbra), Sãozinha multiplica orações e sacrifícios pela sua conversão. Pelo seu aniversário ou no Natal, quando o pai lhe perguntava que presente queria receber, a resposta da filha era sempre a mesma: “O pai já sabe qual é o presente que me pode dar… o melhor que me pode dar é ser amigo de Jesus, ir à Missa comungar, ser cristão! O pai é amigo de toda a gente, ajuda os pobres e não há-de ser amigo de Jesus?” Perante a indiferença do pai, a jovem não desanima e continua a rezar e a pedir a Deus.
Com 16-17 anos, Sãozinha decide oferecer sua vida: que ficasse doente e sofresse muito, contando que o pai se converta. Apenas poucas amigas souberam deste seu segredo.
Em abril de 1940, é atingida pela doença do tifo. É hospitalizada em Lisboa. O pai, médico, mostra-se otimista. Mas Sãozinha sabe que é o seu desejo a cumprir-se. Durante dois meses resiste, com dores atrozes que ela oferece a Deus. Por fim, morre a 6 de junho de 1940, com 17 anos.
A morte de Sãozinha mexeu com a pacata Abrigada. Seu segredo é revelado pelas amigas. Seu pai converte-se, um mês depois. Confessa-se e regressa à prática sacramental regular. Até ao seu falecimento, trinta anos depois, sua piedade e zelo apostólico serão exemplares. Durante 13 anos, é Servita no santuário de Fátima, assistindo os doentes e cumprindo as tarefas mais humildes. Participa anualmente no retiro dos médicos católicos.
Dois anos após a morte da “Florinha de Abrigada” (como passa também a ser chamada), surgem as primeiras graças. O sonho de Sãozinha – ter uma casa para idosos e crianças – começa a tomar forma com donativos. Com o dinheiro, a mãe traz para casa algumas meninas que estavam num lar em Alenquer. Entretanto, a obra continua de pé, como Instituto de Beneficência com o seu nome.
Entretanto, sua causa de beatificação foi introduzida em 1994.
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