PRIMAVERA 49 - André Vallée
ANDRÉ VALLÉE, nasce a 9 de novembro de 1919, na Normandia francesa.
Em criança, revela-se autoritário, independente e lutador. Provavelmente, tal temperamento deve-se à morte prematura da mãe e ao novo casamento do pai. Irmão de outros três rapazes, todos jovens, não deixava outra alternativa ao progenitor. Mas o pai, homem de fé simples e forte, sacristão na sua paróquia, consegue obter do seu filho rebelde o que este é capaz.
Após o certificado de estudos, em 1932, André aprende um ofício numa empresa local. Os inícios são difíceis. O ambiente não é são. Dois anos depois, torna-se operador de máquinas numa imprimaria. Aí, tudo muda. Valorizado pelas suas apetências profissionais, descobre a JOC (Juventude Operária Católica) cujo ideal o seduz. Torna-se outro rapaz: participa da eucaristia e comunga diariamente. Tal mudança prepara-o para o que o espera.
Em 1940, em consequência da guerra, é mobilizado. É preso em Poitiers. Liberto, regressa à sua terra, onde assume responsabilidades na JOC. Entretanto, em 1942, é requisitado para o S.T.O. (Serviço de Trabalho Obrigatório) na Alemanha, pela força invasora. Antecipa sua partida, substituindo um pai de família, cuja esposa acaba de dar à luz seu segundo filho. Antes de partir, confessa-se e leva consigo um terço.
Na Alemanha, as condições são péssimas: a moralidade é deplorável, a alimentação insuficiente e o trabalho extenuante. “O mais grave – escreve ele – é a falta de meios para assegurar uma formação cristã; estamos demasiado tomados pelas preocupações materiais.” Identifica outros três membros da Ação Católica, fundando com eles um primeiro grupo. André, juntamente com um sacerdote, organiza vigílias de oração, eucaristias em francês, ensaios de cânticos. Com seu irmão Roger, seminarista, também ele convocado para o S.T.O., multiplicam a rede de grupos, reunindo cerca de 60 membros. Tudo isso de forma clandestina, pois toda atividade confessional é proibida.
O testemunho dos dois irmãos é contagioso. Em dezembro de 1943, existem nessa região alemã 7 federações autónomas de Ação Católica, assistidas com padres transformados em trabalhadores civis.
Mas tanto zelo apostólico não passa despercebido à vigilância nazi. As autoridades alemãs proíbem-lhes o acesso à igreja local. A 1 de abril, os dois irmãos são detidos, pelo delito de “atividade católica”. Apesar da pressão dos interrogatórios, dos golpes e insultos, nenhum deles cede. Não deletarão ninguém mais.
Encarcerados, começa aquilo que eles apelidarão de “noviciado do martírio”. André escreve aos pais: “A nossa confiança no Espírito Santo e na Virgem Maria dá-nos paz e felicidade”. Entre os demais presos, André torna-se um líder. Amparado pela presença do seu irmão seminarista, seu progresso espiritual é notável.
A 27 de outubro são condenados nos termos seguintes: “Pela sua ação católica junto dos seus camaradas franceses durante o Serviço de Trabalho Obrigatório, tornaram-se um perigo para o Estado e para o povo alemão.” A 6 de novembro os dois irmãos são encaminhados para campos de concentração. Roger, por ser seminarista, é enviado para Mauthausen. Aí morrerá, em 29 de outubro de 1944, com complicações cardíacas, em consequência do esgotamento e maus tratos.
André, é dirigido para Flossenburg. Por testemunhos recolhidos, sabemos que aí reza e se revela corajoso. Morre a 31 de janeiro de 1945, com apenas 25 anos. Juntamente com seu irmão, André faz parte do grupo de 50 mártires da resistência espiritual, cuja causa de beatificação foi introduzida em 1992.
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