PRIMAVERA 47 - Crisóstomo Chang

A 28 de janeiro de 1948, era executado o P. CRISÓSTOMO CHANG, juntamente com cinco outros monges trapistas, na China.CHRYSOSTOM CHANG
Fundado em 1883, o mosteiro trapista de Nossa Senhora da Consolação era a mais antiga comunidade cisterciense do Extremo Oriente, inclusivamente citado por Pio XI na sua encíclica Rereum Ecclesiae (1926).
A comunidade é estimada e respeitada pela população local. Os mais desfavorecidos beneficiam da sua assistência. Na altura, contava com cerca de 75 religiosos, a maioria chineses.
Desde 1945, a perseguição contra os católicos é programada pelos comunistas, de forma metódica, culminando nos famosos “julgamentos populares” que se desenrolam em público. Insultos, golpes e vexações são infligidos aos réus, infalivelmente declarados culpados. Os padres, de modo especial, eram tratados com particular crueza. Quando não eram torturados, eram obrigados a suporta a doutrinação marxista, de seis a oito horas diárias, resultando em efeitos psicológicos desastrosos.

O primeiro desses julgamentos ocorreu em agosto de 1947, contra 18 monges da comunidade trapista. Foram acusados de conivência com os inimigos japoneses, posteriormente de colaboração com o governo nacionalista.
Perante os avanços do exército nacionalista, os comunistas queimam edifícios do mosteiro, retrocedendo para norte, levando consigo os monges. Começa então a longa e penosa “Marcha da morte”, pontuada de atrocidade. Doze deles foram enterrados vivos, após torturas horríveis. Os sobreviventes são arrastados ao logo de meses, debaixo de sol intenso ou de chuvas torrenciais e, por fim, o frio gélido do inverno.
Contra a violência quotidiana, a fé torna-se uma força que mantém a dignidade e a liberdade interior. Os mais jovens apoiam ou carregam os mais idosos, pois a mera queda é sentença de morte. Baleados, os corpos são abandonados na lama. Outros morrem de forma inexplicável, provavelmente envenenados.
Grande parte da comunidade sucumbe, deixando o jovem Crisóstomo Chang, então subprior a cargo dos monges. Homem de oração, contemplativo, tem também carisma de líder. Apesar do esgotamento e das represálias, incentiva seus irmãos, amparando os mais velhos e dedicando-se juntos dos mais fracos. Consciente da sua responsabilidade diante de Deus, mantém o espírito de oração de todo o grupo.
Sua influência incomoda. Os algozes decidem dar-lhe um termo. Juntamente com mais cinco monges, é alvo de novo simulacro de julgamento. Condenados à morte, são fuzilados no local. Antes de morrer, Crisóstomo exorta novamente seus companheiros: “Morremos por causa de Deus. Elevemos, uma última vez, nosso coração para Ele, na oferta total de todo o nosso ser!” Seus cadáveres são deixados na praça. Dois dias depois, cristãos locais deram-lhes sepultura provisória, antes de ser exumados e levados para Pequim.
O P. Crisóstomo Chang surge como cabeça de fila dos 33 monges trapistas, mártires de Yang Kia Ping. Carecendo de informações precisas da sua morte, outros monges desaparecidos não puderam ser reunidos à causa de beatificação.

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