PRIMAVERA 46 - Puri Pedro
PURI PEDRO – assim é conhecida Maria de la Purificación Pedro –, era assistente social filipina e leiga católica, quando é assassinada por soldados, sob a ditadura de Ferdinand Marcos.
Nascida a 22 de setembro de 1948, obtém o diploma em ciências sociais na Universidade das Filipinas, em 1969. É nessa qualidade que trabalha na paróquia da Imaculada conceição, em Quezon City, a partir de 1970, depois de uma passagem no centro Nacional de Reabilitação para pessoas com deficiências físicas. Na sua nova missão, administra a creche paroquial, o grupo de costura para mulheres pobres e cuida do programa educacional de duas cooperativas, além de outras atividades ligadas à paróquia.
Nesse mesmo ano, rebenta a chamada “Tempestade do Primeiro Trimestre”, período de distúrbios políticos, com fortes manifestações e protestos contra o regime.
Algumas das reivindicações pedem respeito pelos direitos humanos e mais justiça, particularmente a favor das populações rurais, exploradas por grandes proprietários. Puri apoia estas petições. Mas com a radicalização do conflito com a criação do partido comunista filipino e seu braço armado, a NPA, prefere afastar-se. Com à instauração da lei marcial, em 1972, a tropa tem licença total para reprimir tudo quanto se pareça, de longe ou de perto, com o comunismo.
Entretanto, Puri iniciara um voluntariado, aquando das enchentes de Luzon, levando remédios e bens de primeiro necessidade para as áreas afetadas. Decidiu estender a sua ajuda a diversas comunidades indígenas que resistiam ao projeto da barragem do rio Chico. Seu tempo não é apenas dedicado à ação social. Distingue-se pela sua piedade, abnegação e competências. É sabido de todos que não se filiou ao Partido Comunista. Tanto assim é que lhe foi proposto um emprego no secretariado de Ação social em Luzon. Este organismo trabalha em estreita colaboração com a Diocese. Esta oportunidade permite-lhe conciliar atividade profissional e a sua fé, com prática religiosa.
Estamos no início ano de 1977. Antes de assumir o novo cargo, decide visitar uma comunidade rural, em Bataan. Aí se encontram alguns resistentes ao regime. Ela não pretende imiscuir-se em questões políticas, apenas ser apóstola da caridade, na liberdade dos filhos de Deus. A 18 de janeiro, a comunidade rural é investida pelos militares.
Durante o assalto, Puri é ferida no ombro e transportada para o hospital próximo. No domingo 23 de janeiro, quatro militares introduzem-se no seu quarto. Aí permanecem durante uma hora. À saída destes, Puri é encontrada morta, estrangulada, e com sinais claros de tortura.
A exemplaridade da sua vida, fundada essencialmente na oração e na eucaristia, está em perfeita coerência com o seu compromisso em favor dos mais desfavorecidos. Deste modo é considerada, pelos seus compatriotas, como mártir da caridade.
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