PRIMAVERA 34 - Lojze Grodze
Se alguém não tinha perfil para santo era LOJZE GRODZE.
Filho ilegítimo (sem culpa própria, obviamente) é rejeitado pela mãe, que decide refazer a vida sem ele. É sua tia que aceitará tomar conta dele, embora deixado à margem, por ser a “vergonha da família”. Profundamente magoado pela privação de afeto e atenção, endurece-se, torna-se taciturno e teimoso, um “verdadeiro selvagem”. Isola-se, buscando refúgio nos bosques e campos da sua Eslovénia natal.
Mas é na escola que encontrará libertação. Supera o complexo de inferioridade, sofrido até aí, revelando-se um excelente aluno. Descobre na leitura a sua paixão. Apesar de manter um feitio difícil, torna-se piedoso. Todos o admiram: “Era calmo, extraordinariamente sério e recolhido. Seus condiscípulos respeitam-no, sem ele nunca ter buscado impor-se a eles. O estudo interessava-o, de verdade. Sobressaia em todas as matérias, superando de longe seus colegas.”
Finalmente, sua sorte muda. Uma benfeitora permite-lhe continuar os estudos num colégio, na capital Lubliana. Coincide com o ano do Congresso eucarístico (1935), cujas celebrações o impressionam. Continua ótimo aluno, mas volta a sofrer com os outros que o desprezam, por vir do campo. Tampouco na sua aldeia apreciam a sua pretensão académica: a família, pobre, beneficiaria da sua ajuda. Rejeitado por uns e por outros, resigna-se buscando refúgio na poesia… e no álcool. Só tem 15 anos.
Porém, qualidades não lhe faltam. Predispõe-se a dar explicações gratuitas aos seus colegas, incentivando-os. Continua piedoso, mas cede às tentações fáceis da vida, perdendo-se por caminhos moralmente condenáveis.
É então que, levados por amigos, integra a Ação Católica. Lentamente, inicia-se nele uma luta que o levará a uma conversão radical. Fixa-se um programa de oração, aceita responsabilidades, nomeadamente a de redator do jornal do movimento. Percebe que os estudos não são apenas um meio de promoção social, mas também um instrumento de apostolado. Torna-se um dos melhores dirigentes da Ação Católica, pregando não só com a palavra mas sobretudo pelo exemplo. A sua vida transformou-se, nos seus hábitos e nas virtudes da pureza, mansidão, humildade e paciência: é um verdadeiro apóstolo, testemunha de Cristo. Reza, comunga diariamente, faz retiros espirituais. Inimigo da mediocridade, deseja a radicalidade: ou santo ou nada!
Entretanto a situação política da Jugoslávia (à qual pertencia a Eslovénia) altera-se. Depois do conflito mundial da II Grande Guerra, surge o comunismo, promovido por Tito e a consequente perseguição à fé católica. Dirigentes da Ação Católica e sacerdotes são abatidos só porque ousam denunciar o perigo do marxismo. Lojze Grodze tem consciência que é um alvo fácil da perseguição. Confia o sacrifício da sua vida a Cristo.
Pelo Natal, decide visitar os seus familiares na aldeia. A 1º de Janeiro de 1943 é preso e acusado de propaganda anticomunista. Durante toda a noite é torturado até à morte. Fazem desaparecer seu corpo. O cadáver só será encontrado em 23 de Fevereiro. Preservado pelo frio, o corpo revela ainda os rastos do seu suplício. A fama da sua santidade tem crescido desde então, sendo considerado um autêntico mártir na Eslovénia.
A causa da sua beatificação foi introduzida em 1992.
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