PRIMAVERA 33 - Fathi Baladi
FATHI BALADI, nascido em 1961, tem 13 anos quando rebenta a guerra civil no Líbano, seu país.
Tal conflito perdurará 25 anos (até 1990), fazendo entre 120 a 150 mil vítimas.
Ainda adolescente distinguia-se, no dizer do seu professor: “Era diferente. Busca incessantemente terminar suas tarefas escolares na perfeição. Queria saber. E após cada explicação, permanecia ainda insatisfeito. Pressentia nesse rapaz que desejava algo mais que os conhecimentos limitados das ciências humanas. Fathi Baladi possuía já a sede do Absoluto.”
Quem o conheceu partilha da mesma opinião. Rapaz estudioso, introvertido, atraído pela beleza e pelo saber, empreendeu a busca de Deus que o conduzirá ao martírio., com a idade de 19 anos. Ama o silêncio e a solidão, sem se fechar sobre si mesmo. Ama a vida, atento aos outros, e a situação da sua nação desperta-o para todos os sofrimentos: “Penso em todos aqueles que desapareceram. Rezo por aqueles que perderam a alegria de viver. Choro por aqueles que sofrem, têm fome e vivem no pranto.”
Em 1975, realiza uma peregrinação a Roma, passando por Sófia e Bucareste, onde descobre a beleza dos ícones sagrados e as obras pictóricas e arquiteturais do Renascimento e Barroco italianos. São, para ele, caminhos que elevam a alma para Deus. Tomou, igualmente, consciência da catolicidade da Igreja. Contemplativo, escreve: “Amo Deus porque Ele é belo.”
Excelente aluno, ingressa na Academia libanesa das Belas-Artes, para aí estudar arquitetura. Também aí impressiona professores e condiscípulos: “Fathi fazia parte daqueles homens que, independentemente da sua idade, brilham sem se fazerem notar. Sua presença impõe-se pela sua sinceridade, sua humildade e pela sua inteligência.”
De facto, é inteligente e trabalhador. Este filho único e o orgulho dos pais. Domina o árabe, o francês, o inglês e inicia-se no alemão para alargar os seus conhecimentos. Fervoroso, dedica seu tempo livre a catequisar crianças.
Perante a instabilidade e violência que fere seu país, tem consciência que tudo pode acontecer. Percebe que o equilíbrio interconfessional, sobre o qual assentava a sociedade libanesa, está comprometido. Muçulmanos e cristãos entrematam-se. Apesar do ambiente de ódio e do medo, Fathi preserva a esperança e a confiança em Deus: “Senhor, ouve esta melodia que passa! Olha-nos! Fica connosco!”
No meio do fratricídio, as vozes que ousam clamar por paz e diálogo são abatidos friamente. Fathi sabe disso, sofre e reza, tornando suas as dores do seu povo.
Eis uma oração que escreveu pouco antes da sua morte:
“Senhor, não me deixes!
Não deixes jamais os que sofrem, os que passam fome,
os sedentos, as vítimas da crueldade humana.
Não abandones os que se mantêm erguidos,
mas presos!
Não esqueças jamais que amamos e choramos,
que olhamos para a vida sendo homens simples,
sobretudo que Te amamos
e que olhamos para Ti de cabeça levantada,
sorrindo e glorificando a tua grandeza e a tua força.”
Na manhã de 31 de dezembro de 1980, parte de carro para estudar com um amigo. Não chegará lá. É reencontrado, no seu veículo acidentado, abatido com várias balas.
Após a sua morte, registaram-se alguns fenómenos invulgares junto ao seu túmulo e que foram devidamente registados. Muitos vêm agora recolher-se nesse lugar.
O processo de beatificação iniciou-se em Novembro de 1984.
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