PRIMAVERA 30 - Anuarite Nengapeta
A 29 de dezembro de 1939, nasceu ANUARITE NENGAPETA.
Oriunda de família pagã, em Wanga (atual República Democrática do Congo), é batizada conjuntamente com a mãe e quarto das suas irmãs. Criança feliz, dinâmica e sempre prestável, revela-se aplicada e obediente na escola. Destaca-se, sobretudo, pelo seu temperamento ardente e generoso.
Adolescente, torna-se bela e harmoniosa de corpo. Os rapazes reparam nela. Entretanto, Anuarite já tomara a decisão de se consagrar a Deus. Apesar da oposição da mãe à sua vocação religiosa, introduz-se num camião, de passagem, que transporta postulantes para o convento da Sagrada Família, em Bafwabaka. Sua mãe desistindo de reclamar seu regresso, Anuarite é admitida no postulantado. Tem 15 anos.
Aí estuda, obtendo o diploma de professora. No mesmo ano (1956) inicia o noviciado. Sempre disponível para visitar os doentes e ajudar os outros, assume as tarefas não cobiçadas. Tudo isso lhe custa, pois tem de lutar contra a sua natureza nervosa e hipersensível, conciliando ainda a sua saúde frágil. Mas, cheia de humor, dedica-se a alegrar os outros. Sua caridade é real, profunda e desinteressada: o bem dos outros é a sua prioridade.
Finalmente, pronuncia seus primeiros votos como religiosa em 1959. Sua piedade edifica, particularmente a sua devoção à Virgem Maria. No seu bolso, traz continuamente uma pequena imagem. Tal objeto permitirá, mais tarde, a sua identificação aquando da exumação do seu corpo.
Obediente, não deixa de dizer, amável e sensatamente, o que pensa. Muitas apreciam e recorrem aos seus conselhos. Delicada com cada um e respeitosa de todos, em especial com os excluídos, acolhe-os com amor e ternura. O mesmo faz ao ensinar as crianças, não desistindo de nenhuma, revela-se uma grande pedagoga. É amada por elas porque as “faz crescer”.
Entretanto, o país (antigo Congo Belga) torna-se independente em 1960. Mas a turbulência política latente intensifica-se, quatro anos depois. Os rebeldes Simba espalham o terror no nordeste do território, perseguindo os europeus presentes e todos os que a eles estão ligados.
No dia 29 de novembro de 1964, guerrilheiros introduzem-se no convento de Bafwaka e obrigam as religiosas a subir num camião, abandonando a casa. Pretendem escolher mulheres para eles, entre as 42 freiras.
Depois de dois dias de viagem, um dos chefes cobiça Anuarite. Esta recusa perentoriamente: “Renovei os meus votos; estou pronta para morrer!” Furioso, um dos soldados golpeia sem piedade a superiora e a própria Anuarite. A primeira desmaia, mas a segunda resiste, repetindo que prefere morrer a pecar. Extenuada, ainda consegue dizer ao seu agressor: “Perdoo-te, pois não sabes o que fazes.” Anuarite é morta com cinco golpes de baioneta e, por fim, com um tiro no peito, a 1 de dezembro de 1964. Ainda não tinha completado 25 anos. Seu corpo foi atirado para uma fossa comum, no cemitério local. Será reencontrado, incorrupto, meses depois, na sua exumação.
Bem depressa, o povo vê esta jovem congolesa como mártir e começa a pedir sua intercessão. Em sequência a graças e milagres que lhe são atribuídos, Anuarite foi beatificada por S. João Paulo II, em 1985, na presença dos seus pais e irmãs. Durante a celebração, o papa definiu-a como a “Santa Inês do continente africano”
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