PRIMAVERA 20 - Miguel Pro
A 23 de novembro de 1927, era executado, sem julgamento, MIGUEL AGUSTÍN PRO.
Seu crime: ser padre católico, durante a cruenta perseguição aos católicos, no México, na primeira metade do séc. XX.
Nascido em 1891, o jovem Miguel, desde cedo, revela a sua veia destemida e divertida. Educado numa família profundamente crente e filho de um engenheiro de minas, Miguel conjuga estudo, contacto com a dura realidade laboral dos mineiros e a consciência da fé. Aos 20 anos decide entrar no noviciado da companhia de Jesus. Mas com a revolução mexicana e a crescente onda persecutória à Igreja católica, viu-se obrigado a exilar-se nos Estados Unidos, onde prossegue a sua formação. De lá, vai para Espanha, para estudar filosofia. Depois de 4 anos na Nicarágua, onde leciona, regressa à Espanha. Entretanto, parte para Bélgica onde estuda teologia e se prepara para a ordenação sacerdotal que ocorre em 1925.
No ano seguinte, regressa ao México, num período particularmente difícil. O governo suprimiu todo o culto público e fechou igrejas. Os padres converteram-se em criminosos procurados. Contudo, o povo mexicano maioritariamente católico desejava receber os sacramentos. Miguel Pro entregou-se, de alma e coração, ao ministério proibido de distribuir a comunhão, confessar, pregar, orientar retiros, assistir inúmeras famílias carenciadas e apoiar marginalizados. Tudo isso com uma frágil saúde, pouco descanso e escassa alimentação.
Sua atividade é tão intensa que passa a ser o alvo principal da polícia. Engenhoso, usa de mil disfarces para ludibriar seus perseguidores. Chegava a visitar prisões sem que se apercebessem da sua identidade. Noutra ocasião, foi detido sob suspeita de distribuir panfletos de propaganda católica. Na viagem de carro para a esquadra, distraindo o seu condutor e guarda com gracejos e anedotas, vai lançando, pouco a pouco, os ditos panfletos. De modo que, chegado à esquadra, estava livre da “prova do crime”.
Miguel Pro aliava na perfeição a sua vertente de brincalhão, galhofeiro, aventureiro e pragmático com o homem de coração ardente, caridade ilimitada, religioso humilde, obediente, mortificado, homem de oração profunda e constante, e apaixonado pelas almas, por Maria, pela Eucaristia e pelo coração de Cristo.
Em novembro de 1927, ocorre um atentado fracassado contra o general Álvaro Obregón. Os irmãos Pro são erroneamente implicados e detidos. Sua inocência é comprovada, mas o presidente Plutarco Calles quer aproveitar a ocasião para enxovalhar a Igreja. Precipita a condenação, sem os devidos procedimentos legais. Antes de ser executado, Miguel Pro pede uns instantes para rezar. Depois, de pé e dispensando a venda nos olhos, abre os braços em cruz, com o crucifixo numa das mãos e o terço na outra, enquanto grita “Viva Cristo Rei!”
A imprensa presente fotografou e registou tudo para a posteridade. Tudo isso promoveu a grande popularidade da sua santidade junto do povo que pronto o considerou mártir. Somente questões diplomáticas retardaram sua beatificação, declarado mártir em 1988, por S. João Paulo II.
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