PRIMAVERA 10 - Jerzy Popieluzko
A 19 de Outubro de 1984 era raptado JERZY POPIEŁUSZKO, um sacerdote polaco.
Seu corpo foi reencontrado dez dias depois. A autópsia confirmou espancamento até à morte. Entre 300 e 350 mil polacos assistiram ao seu funeral.
Nascido em 1947, desde jovem revela grande vivência de fé. Em 1972 é ordenado padre numa Polónia subjugada pelo regime totalitarista do comunismo soviético. No verão de 1980, começam as revindicações operárias. Por todo o país as fábricas são ocupadas. Os grevistas, profundamente católicos, reclamam sacerdotes que os assistam. O padre Jerzy é nomeado capelão numa das unidades metalúrgicas. É aí que, diz ele, “nasceu em mim a necessidade de permanecer com eles.” Para ele, “o dever do padre consiste em estar junto do povo quando este ressente essa necessidade, quando ele é ofendido, prejudicado, maltratado. Pois existe sempre sofrimento e medo onde os direitos humanos não são respeitados.”
Apesar de tantas situações injustas e de intolerância por parte dos poderosos, o Pe. Popiełuszko não cede à tentação da violência: “Não luteis pela violência, ela é um sinal de fraqueza”. O lema da sua vida é retirado do Novo Testamento: “Não te deixes vencer pelo mal, vence o mal através do bem” (Rm 12,21). A todos apelava: “Rezemos para nos libertarmos do medo e das ameaças e, sobretudo, para nos libertarmos de todo o sentimento de ódio e de vingança”.
Este padre, franzino e de saúde frágil, tornou-se gigante pela sua ação evangelizadora e solidária com o seu povo e um tremendo incómodo para o regime. O preço era o “caminho da sua cruz”, como costumava dizer. Caluniado, aliciado e, finalmente, ameaçado pelo poder político, Jerzy Popiełuszko sente-se reforçado na sua missão de a todos anunciar a Palavra libertadora do Evangelho. Consciente mas destemido dirá: “Para permanecermos livres espiritualmente, temos de viver na verdade.” Ficaram famosas as suas “missas pela pátria” que juntavam milhares de fiéis, onde o P. Jerzy incluía Deus nos problemas difíceis e dolorosos do país. Não era política, mas anúncio de fé e esperança e denúncia das injustiças humanas.
Tinha dito: “se tivermos de morrar, é preferível encontrarmos a morte ao defender uma causa digna do que instalados e permitindo que a injustiça aconteça. Assim aconteceu.
Lech Walesa, fundador do famoso Movimento e sindicato “Solidarnsoc” (Solidariedade), disse no dia do funeral: «Solidarnosc vive porque ofereceste-lhe a tua vida. Jamais nos submeteremos ao terror… Juramos sobre o túmulo do Padre Jerzy que jamais esqueceremos o seu sacrifício».
Na sua 1ª visita, em 1979, João Paulo II afirmou aos polacos: “Peço-vos que assumais a herança espiritual que tem por nome Polónia, de jamais duvidar, de jamais desanimardes, de jamais desistir.” O Padre Jerzy ouviu e cumpriu, com a sua vida e a sua morte, a máxima do Evangelho: “A verdade vos libertará”…
O P. Jerzy foi beatificado em 2010.
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