VI Domingo do Tempo Comum (A)
O OUTRO, LUGAR DE CULTO A DEUS
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparação
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. Leitura
Leio pausadamente o Evangelho Mt 5, 17-37.
- Procuro compreender o texto. A quem fala Jesus? O que diz Ele? Em que contexto? Recorro aos versículos anteriores.
- Alcanço a mensagem, hoje para mim. O que me diz, o que me faz sentir?
- Sublinho o importante; fixo o essencial. Esta Palavra é-me dirigida.
2. Meditação
Se o “Sermão da Montanha” começa com as Bem-aventuranças, a sua sequência parece agora menos “feliz”. Na verdade, o desafio da felicidade passa pela exigência própria do amor. Por isso, Jesus diz-me para não me contentar com comportamentos e cumprimentos legais externos. Ele convida-me a analisar os meus sentimentos mais profundos, o coração e suas reais intenções. É nele que todo o mal começa. Só “curando” o meu interior experimentarei a autêntica liberdade no exterior.
3. Oração com Deus
Senhor, pareces bem exigente.
Nunca a Lei Te “prendeu”. Mas, ao mesmo tempo, vais sempre mais longe, na busca da fidelidade à vontade do Pai e no compromisso pelo bem da Humanidade. Não vieste revogar, mas completar. E esperas que eu aprenda e faça o mesmo.
Para Ti, é insuficiente não fazer o mal. Dizes-me que, no íntimo, há muitos modos de matar e roubar. Não basta parecer. Senhor, revela-me o que tenho no coração.
Quando, no meu pensamento maldigo os outros, insulto, praguejo… mato. Reconheço: é como se deixassem de viver para mim. Quando, secretamente, desejo alguém… atuo como adúltero. Cada pessoa é propriedade tua, sagrada, não algo a possuir. Quando preciso jurar para defender uma verdade… descredibilizo o resto do que digo e faço. Tens razão: a vida coerente basta. E eu que julgava ter o cadastro criminal limpo!
Porém, não pretendes condenar-me. Queres curar-me de mim mesmo. Indicas-me o caminho: o primeiro passo ocorre no meu interior, identificando os meus sentimentos. Ajuda-me a pacificar por dentro para, depois, semear paz à minha volta. Ensina-me a viver cada relacionamento humano como o culto divino que Te é mais agradável.
4. Contemplação
Diante de Ti, Senhor, apresento-me e abandono-me nas tuas mãos. Louvo e agradeço a tua misericórdia para comigo. Estou grato por revelares o caminho que me aproxima de Ti e dos outros. Sinto a cura que trazes ao meu coração, enchendo-me de Ti. Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Em Ti confio. Contemplo e adoro.
Apoiado em Ti, ouso comprometer-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
UM PENSAMENTO
“Não é preciso fazer coisas extraordinárias, mas fazer tudo extraordinariamente bem”. (S. Teresa de Lisieux)
PROVOCAÇÕES
- O meu olhar sobre os outros é igual ao que desejo receber de Deus?
- Que sentimentos habitam o meu coração?
- Contento-me com a “religião do fazer” ou aposto na “religião do ser”?
- O que faria Jesus com a pessoa que eu menos aprecio, ou mais instrumentalizo?
UM PROPÓSITO
Pedir ao Espírito Santo a graça de reconhecer a sua presença no outro.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Não me descansa não matar o irmão:
Se definha em meu coração assassino
Estará já morto… e eu menos vivente.
Não branqueia não possuir a desejada:
Se, sugando afetos, a desejo possuída
Profanando morada e altar de Deus.
Bem posso jurar, hoje, a pés juntos:
Se não junto verdade aos meus dias
Não serei mais que máscara devota.
Se não Te trouxer dentro, Senhor,
Tendo-Te como minha medida alta,
Não saberei encontrar-Te no outro.
UMA CANÇÃO
Third Day ft. Harvest – Your words
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