XII Domingo Comum (B)
A OUTRA MARGEM DE MIM
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Mc 4,35-41.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
A travessia do mar é tormentosa. Atemorizados, os discípulos reclamam de Jesus que dorme, à popa do barco. Já desperto, acalma a tempestade e questiona sua falta de fé.
2. O que me diz Deus
- Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
Este Evangelho evoca a memorável oração do papa Francisco na Praça de São Pedro vazia, no início da pandemia. O convite a passar à outra margem é, na verdade, a travessia da existência. É tomar a fé como incentivo e itinerário existencial. É enfrentar os medos e a tentação de me acomodar a cada paragem “tranquila”. Não é Jesus que dorme; é a minha fé que se entorpece. Ele está na minha “barca”. Ele é minha âncora, meu leme e esperança. Nenhuma tormenta me afunda, se a fé me mantém desperto.
3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, minha fé é pequena. Sinto-me frágil e desorientado nas tempestades da vida. Assusta-me o teu silêncio que aparenta sono, em vez de me confortar com a tua presença. Sei que estás comigo. Não pretendes tomar minha liberdade nem meu lugar. O que preciso é alcançar essa outra margem de mim, onde me esperas, firme.
Mesmo cansado de um dia extenuante, revelaste-Te forte. Tal como na manhã de Páscoa, despertaste da fraqueza humana para Te revelares na força divina. Esqueço que a fé não é um seguro, mas um desafio. “Passar à outra margem” é passar do medo à confiança. É atravessar a tentação de viver centrado em mim. É remar contra a corrente de uma crença que depende de milagres e alcançar a fé que se nutre da tua presença. Porque estás comigo, remarei, decidido e responsável, sem culpabilizar.
4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, sei que não me deixas só: estás na barca da minha existência. Agarrado aos remos da fé e da esperança, entrego-me na caridade. Agradeço. Louvo e contemplo.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
- Nas tempestades da vida, recrimino ou confio em Deus?
- Em que circunstâncias minha fé adormece?
- O que transmito aos outros: pessimismo e medo ou confiança e fé?
UM PENSAMENTO
“Cheio de Deus, não temo o que virá, pois, venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma.” (Fernando Pessoa)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de enfrentar as tempestades com fé.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Transito à outra margem de mim
tendo esta vida por travessia.
Zarpo das praias ilusórias do parecer
mergulhando na profundidade do ser.
Ainda que me experimente
na noite, de medo mareado
e sensação náufraga e tremida
de nada conseguir ou poder,
é na tormenta temida
que a fé sai desperta, forjada
à medida do meu Deus.
Na frágil barca da existência
descubro, de coração marejado
o milagre maior da presença Tua,
minha âncora e meu leme
enquanto eu, de remo, rumo
à outra margem de mim.
UMA CANÇÃO
Hillsong United – Captain
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