XXX Domingo Comum (C)
A QUE DEUS REZO!?
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Lc 18, 9-14.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Um fariseu e um publicano sobem ao templo para rezar. A divergente disposição interior de ambos leva à conclusão de Jesus: só um deles sai justificado diante de Deus.
2. O que me diz Deus
- Que me faz pensar e sentir esta parábola de Jesus?
Esta parábola não se limita a dizer como deve ser a oração humilde, agradável a Deus. A postura corporal revela muito do meu interior. O que penso e digo, também. Apontam para a minha ideia de Deus e relação com Ele… e com os outros. Centrado só em mim (e no que faço), ofusco Deus e deixo de reconhecer como irmão aquele que está a meu lado. Deus só me “justifica” se me “ajustar” a Ele, agradecendo-Lhe o que faz por mim e usando de misericórdia com os outros. A mesma que Ele tem comigo.
3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, nem sempre tomo consciência, mas o meu corpo também reza. Ou não. Diz o que as palavras esquecem: humildade, respeito, alheamento, autorreferencialidade… Rezo com o que sou e sinto, mais do que digo. Como o fariseu, talvez me reze a mim mesmo, “deus à minha imagem e semelhança”, em vez de ser a Ti. Preciso assim tanto de me exaltar? Talvez seja por excesso de comparação. Daí, julgo o que os outros fizeram… ou deixaram de fazer.
Em vez de me centrar em mim, no que preciso, no meu sofrimento, no que faço ou tenho de realizar… ensina-me a reconhecer e a agradecer tudo o que fazes. Ajuda-me a aceitar, sem medo nem resignação, as minhas fragilidades. Desafia-me a perceber o valor dos outros e as suas necessidades. Faz de mim um filho grato e um irmão solícito.
4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, não preciso desprezar ninguém, pois Tu és a minha segurança. Por isso Te louvo, adoro e contemplo.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
- Como olho para os outros? Com simpatia, compaixão, indiferença ou desprezo?
- Incluo-os na minha oração? Peço por eles, mesmo quando não me são simpáticos?
- A minha oração expressa gratidão a Deus ou centro-me apenas em mim?
UM PENSAMENTO
“Na oração reflete-se e revela-se a autenticidade ou a falsidade daquilo que se vive.” (Luciano Manicardi)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de viver a oração como experiência de encontro.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Se orar é subir até à tua presença,
então descerei até meu interior
sem Te tomar por espelho meu,
e descobrir-me, só, diante de Ti,
nesta verdade crua… nua de mim.
Como louvar-me a mim mesmo
se só por meio de Ti sou e faço!?
Com o coração penhorado, eis-me
de peito lavrado e orgulho dissolvido
humilhado em mim, em Ti exaltado.
Tem pois compaixão, meu Senhor,
que sou pecador entre mil irmãos.
Neles me revejo; neles Te entrevejo.
Esvaziado de mim, recria-me em Ti:
no teu perdão, voltarei justificado.
UMA CANÇÃO
Tenth Avenue North – Greater than all my regrets
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