Domingo de Ramos (B)

PRÉ-PAGO(U)RAMOS B

LECTIO DIVINA – Um Roteiro

0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.

1. O que diz o texto
- Leio pausadamente (ao longo da semana) o relato da Paixão Mc 14,1 – 15,47.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Depois da entrada triunfal em Jerusalém, precipitam-se os acontecimentos que levam Jesus à morte na cruz.

2. O que me diz Deus
- Acompanho a Paixão de Jesus. Que sinto?
Por trás da Paixão de Jesus, encontro ódio, abandono, engano e traição. Mas antes, em Betânia, o amor diz-se, silencioso, num gesto de extrema ternura e delicadeza: o perfume derramado sobre Jesus. É a fragância que exala da sua pessoa na entrega, consciente e livre. É por amor que vive e morre. É com amor que tudo suporta. A euforia é volátil, tal como o êxito. Como a multidão, tão depressa passo da euforia à rejeição. Como Pedro, prometo e nego. Qual é a minha confissão final?

3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, ao ler a tua Paixão, não recordo apenas. Sinto que me desafias a algo mais. A tua Via Sacra, na verdade, é percurso de tantos. O teu grito, na cruz, é brado de muitos. Tua agonia prossegue numa cama de hospital, num campo de refugiados, jacente sem abrigo…
Entretanto, em mim, se debatem a traição de Judas e a promessa de Pedro, logo negada. Tu, porém, não pedes contas. Entregando-Te, pagas todas as dívidas existenciais. Como poderei lavar as mãos, indiferente a tamanho dom!? A cruz é ato de amor. É coisa de Deus.
Senhor, quero aprender de Ti a humildade, a mansidão e essa capacidade ilimitada em amar além do fácil e apetecível.

4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, diante da Cruz, agradeço o teu imenso amor. Tua entrega redime-me. Louvo-Te por não abandonares a humanidade, na sua provação. Por tudo isso, contemplo e adoro.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.

PROVOCAÇÕES
- No meu quotidiano, uno-me à Paixão de Cristo?
- Como respondo à minha cruz: com revolta ou perseverança e fé?
- Como encaro a cruz alheia: “lavo as mãos” ou ajudo a carregar?

UM PENSAMENTO
“A essência mais íntima do amor é a doação.” (Edith Stein)

UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de carregar a cruz com fé.

UMA ORAÇÃO-POEMA

Eis-me, vaso de alabastro quebrado
e seu resto contido por derramar,
entre odores de retraído amor
e amargas dores dele traído.
Corpo entregue e sangue vertido,
assim preencheste a distância
pelo desleal beijo meu provocada.
Assim presenteaste minha ausência,
cálice por mim repelido, por Ti enlaçado.
A negação de fé, vezes repetida,
foi remida e regenerada na tua Cruz.
A púrpura da minha vergonha cobriu-Te
e, prontamente, despida, arrancada
deixando a afronta de meus espinhos
coroar-Te a fronte, digna e reclinada
num brado teu, exalado e único
… e meu: Tu és o Filho de Deus!

UMA CANÇÃO
Third Day – Carry my cross

 

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