Domingo de Páscoa (A)
VIVER COMO QUEM VÊ E CRÊ
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparação
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. Leitura
Leio pausadamente o Evangelho Jo 20, 1-9. Imagino-me presente no episódio. Observo a movimentação. Identifico-me com cada personagem. O que me diz? O que sinto?
- Sublinho o importante; fixo o essencial. Esta Palavra é-me dirigida.
2. Meditação
A Páscoa é a festa maior e centro da nossa fé. Curiosamente, Jesus não surge no relato. O protagonismo é dado à busca dos discípulos que tentam interpretar os sinais encontrados. Destaca-se a evolução do olhar dos intervenientes. Madalena só vê exteriormente, errando na leitura da realidade. Pedro olha e vê sinais de algo que o interrogam. Por fim, o “discípulo amado” vê e acredita porque vê com o coração. Outra chave, omnipresente no quarto Evangelho: a passagem das trevas à luz. A Páscoa, em mim, deve ser a passagem da “escuridão” de Madalena ao amor “iluminado” do discípulo.
3. Oração com Deus
Senhor, como Maria Madalena, caminho ainda no escuro. Procuro sinais de esperança à minha volta. Mas tudo parece sombrio. Nunca pensei viver uma Páscoa assim, sem expressar a alegria da tua ressurreição em abraços e encontros festivos. Continuo recolhido em casa (como os apóstolos fechados no cenáculo), com medo de ser “apanhado”. Vem Tu ter comigo!
Como Pedro, olho e interrogo-me. O que me queres dizer com tudo o que se passa? Quais as lições a reter? Sairemos disto mais conscientes, solidários e humanos? Voltará tudo a ficar bem ou, mais importante, seremos melhores? Tu que venceste a morte, ajuda-me a ver mais longe! Não me deixes abater pela tua aparente ausência! Ajuda-me a reconhecer-Te presente na minha vida!
Como o “discípulo amado”, desafias-me a ver com o coração. Identifico os “túmulos” onde me escondo, aqueles que não deixam respirar a vida em mim (medos, hábitos, sentimentos, pensamentos). Recordando a tua Palavra, reaviva-se em mim a esperança e o amor. Eu sei que vives! Seja eu sinal da tua ressurreição para os outros!
4. Contemplação
Senhor, apesar da incerteza e do receio, sei que estás presente na minha vida. Reconheço e agradeço os sinais do teu amor por mim. Restauras a minha alegria. Por isso, acredito. Louvo-Te e abandono-me nas tuas mãos. Contemplo e adoro. Inspira-me o que esperas e mereces de mim.
Apoiado em Ti, ouso comprometer-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
UM PENSAMENTO
“O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração.” (A. Saint-Exupéry)
PROVOCAÇÕES
- Com que olhos vejo os acontecimentos e a realidade?
- A minha vida é sinal da ressurreição para os outros?
- Com que expressões anuncio a alegria da Páscoa à minha volta?
- O que em mim (hábitos, sentimentos, pensamentos…) deve morrer e/ou ganhar vida?
UM PROPÓSITO
Pedir ao Espírito Santo a graça de viver como ressuscitado em Cristo.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Como Madalena, vejo sem ver:
O cego luto enxerga por mim,
O túmulo escancara-me o vazio.
Corro – e canso – de desgosto,
Espalhando susto e desilusão.
Como Pedro, deixo-me olhar
Pelo que não vejo: eco ligeiro
De algo que balbucia em mim.
Corri. Por hora, paro e escuto:
Uma força, viva e nova, brota.
Como discípulo, vejo e acredito
Que o invisível brada mais alto;
Que a aparente ausência, afinal
É Presença e lugar para o Amor
Soletrar-se em fé, plena e livre.
UMA CANÇÃO
Kari Jobe – Forever
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