Poder. Uma força sedutora
Partindo de dados bíblicos, antropológicos e históricos, Anselm Grün aprofunda o poder de Deus e o poder do homem, analisando a face obscura do poder que deriva em abuso e também o que ele tem de bom e que precisa ser exercido para o cumprimento da justiça.
A vivência justa do poder encontra-se na pessoa de Jesus que, na Igreja, deixou a diaconia ou serviço em contraposição à potestas imperial. o autor ajuda-nos a analisar as diversas formas de poder ─ matéria, origem, maioria, conhecimento, sentimentos, função, contactos, convicção ─ e os locais em que as mesmas se exercem com proveito ou como malefício ─ casa, mercado, castelo, templo. Através destas formas e naqueles locais, exista um poder bom que convence os outros de uma crença que é saudável, mas há também um exercício do poder que assusta e manipula as pessoas.
Aprofundando o tema a partir de S. Lucas, o autor afirma que quem está totalmente comprometido com o exercício do poder não é realmente livre, tornando-se escravo da própria necessidade de poder e servo do que divide ("diábolus" ─ o que divide), tendendo a dominar os outros. Dois caminhos para conseguirmos lidar adequadamente com o poder neste mundo são (1º) a forma de lidarmos com as riquezas desta terra; (2º) saber que a riqueza é pouca coisa com aquilo que realmente é importante: Deus.
Exercer bem o poder é ser-se bom administrador daquelas fontes de poder, através de um humilde serviço. Quanto ao lado obscuro do poder, o autor refere que, tanto na sociedade civil, quanto nas comunidades eclesiais poderá acontecer que haja pessoas que queiram, em favor próprio, dominar ou manipular os outros através de agressão passiva ou até silenciosa, com jogos ocultos de poder, habitualmente escondendo-se atrás de pessoas aduladoras. O poder mal usado torna as pessoas cegas para a realidade, porque o egoísmo cega sempre e tira o realismo sobre os pobres e vulneráveis. Na Igreja, tantas vezes se usou o poder da doutrina e da espiritualidade para subjugar as pessoas, com medo de não serem salvas, muitas vezes um poder associado a uma fraca capacidade de liderança, dando aso a caprichos pessoais, que anulam aquela transparência que se deve praticar. E do abuso espiritual passa-se ao abuso sexual...
Há bons meios para se atingirem os objetivos, no que toca a um uso apropriado do poder, úteis naõ só para estrategas políticos, mas também para os pais que educam os seus filhos. O poder pode ser exercido positivamente com coragem, através de formas moralmente lícitas ─ não manipuladoras ─ de projetar o discernimento e a decisão.
Por fim, o autor ajuda-nos a compreender os pressupostos e as condições para se assumir o poder, assim como as atitudes a ter no exercício do mesmo.
Editora Paulus, 118 págs.
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