Quem Vigia o Vento Não Semeia
“Pode ser que Deus pertença ao domínio do impensável, mas não ao domínio do indizível”. José Augusto Mourão, especialista em Semiótica, Hiperficção e Cultura, deixou-nos um belíssimo conjunto de textos homiléticos, onde pouco a pouco vai sendo construída uma tela multicolor de uma beleza que expressa verdade.
De uma forma subtil, mas extremamente profunda, o Padre Dominicano apresenta-nos a Palavra de Deus como uma respiração e um gesto que dá vida às comunidades, tendo em conta a docilidade do Espírito Santo que habita em nós. Numa linha criativa, expressa a linguagem religiosa, como uma lente do invisível que nos mostra a diferença entre o verdadeiro e o falso. A Sagrada Escritura precisa de ser lida como uma “língua que se renova incessantemente para que a vida se diga”.
Nesta compilação de reflexões homiléticas de José Augusto Mourão, encontraremos a leveza de um texto que nos projeta constantemente para o transcendente, mas que não nos deixa desligar da realidade humana concreta. “Ler é deixar cair o olhar que se inclina sobre a palavra até esta re-luzir. Ler é acender o texto e deixar que o corpo seja afetado pelo que se lê. Ler é ressuscitar a letra que dorme e fazê-la brilhar acordá-la para o mais-ver, para a mais-paisagem”. Certamente não ficaremos indiferentes a esta vivificante experiência de leitura.
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