Deus não se cansa. A misericórdia como forma eclesial
Stella Morra, Deus não se cansa, traduzido por Manuel Losa. Braga: Editorial A.O, 2016.
Com o livro “Deus não se cansa”, Stella Morra propõe-se pensar em conjunto, com quem estiver disposto a lê-la, a questão da forma, a atualização desta componente por parte da Igreja de Cristo, à luz do tempo presente, como esforço decisivo para quem quiser seguir a Cristo na sociedade atual.
A questão fundante do livro surge na página 14, dada por quem lhe escreveu o prefácio: «é possível, hoje, discernir desta «forma» desejada contornos mais precisos, ao mesmo tempo existenciais, dinâmicos, performativos e mesmo inteligentes?».
O tema da reflexão que atravessa o livro é a releitura da forma à luz da categoria geratriz da misericórdia. A tese do trabalho “é a de que a «misericórdia» deve ser usada e percorrida, hoje, como categoria teológica, isto é, como uma estrutura fundamental, uma forma de fé da Igreja” (pág.19). A novidade que aqui é apresentada pela autora “não está no conteúdo daquilo que tradicionalmente chamamos misericórdia, mas no facto de ser a primeira vez, do ponto de vista da experiência cristã, que esta pode ser usada como categoria geratriz da própria experiência cristã” (pág. 20).
Quanto, por fim, ao processo de forma de Deus aplicada ao ser humano, diz-se: “Deus não nos humilha, ajudando-nos, mas humilha-Se, salvando-nos” (pág. 182), comprovando o olhar de bondade de Deus para com o ser humano. “Não existe modo de concluir uma reflexão tão aberta e tão desequilibrada sobre um caminho futuro: reassumir, avaliar, enunciar os limites? Não vale a pena, pois é mais do que evidente a nossa tentativa de partilhar uma perspetiva que está apenas na alvorada de uma possibilidade esboçada neste livro de escrita coletiva, como – fazemos votos disso – pode ser o seu uso” (pág. 183).
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